TMC I - Módulo 04
Rubi Rodrigues - 07/06/2022
Teoria do Conhecimento I – módulo
4
No módulo 3, com o
exemplo da montagem do avião, verificamos que qualquer artefato produzido pelo
homem é o que é e não é algo diferente, em razão de ser determinado por
inteligência organizativa que reúne e articula todos os seus componentes
naquela forma específica. Neste módulo, vamos examinar mais detidamente essa
inteligência organizativa, na intenção de aproximar-nos de uma concepção
convincente e adequada do objeto.
Como é do conhecimento
geral, a busca do homem pela menor partícula da matéria revelou que existe, na
natureza, um número limitado de átomos diferenciados por propriedades que, por
sua vez, resultam da composição quantitativa dos seus três elementos básicos:
elétrons, prótons e nêutrons. Com o tempo, a Física penetrou esses elementos,
descobriu uma profusão de outras partículas, até constatar o desaparecimento
completo da matéria, restando apenas energia ou campo energizado, algo que a
mecânica quântica ainda se esforça por entender. Apesar das dúvidas, três
primeiras conclusões já podem ser tiradas:
1ª – Que o universo se edifica
a partir da maior simplicidade energética e estrutura-se no sentido de
crescente complexidade organizativa. Esse fato denuncia a presença de tendência
natural da natureza para a complexidade organizativa e sugere que o universo
seja, de algum modo, evolutivo, confirmando a tendência natural para a
complexidade.
2ª – Admitindo-se que o
elemento básico seja energia, resta evidente que a complexidade que constatamos
hoje constitui, em última instância, energia inteligentemente organizada, isto
é, que tudo o que hoje existe resulta basicamente da combinação de dois
componentes: energia e inteligência organizativa.
3ª – Que a materialidade
já catalogada pela ciência, não apenas confirma essa crescente complexidade
organizativa como também identifica estágios claros que se distinguem nesse
percurso de crescente complexidade: partículas quânticas, partículas atômicas,
átomos, moléculas, minerais, células, organismos, consciências, planetas,
sistemas solares, galáxias e o próprio universo tomado como um todo.
Sendo a inteligência
organizativa o que determina a compleição de todo e qualquer objeto ou fenômeno
manifesto na existência, e sendo essa existência compartilhada ao mesmo tempo por
infinita diversidade de objetos e fenômenos, há uma infinidade de coisas
presentes simultaneamente no mundo, resulta necessário que cada fenômeno seja
limitado e constitua uma unidade existencial fechada, de tal sorte que se diferencie
das demais e possa ser percebida como algo específico e distinto do resto.
Dado, em complemento,
que tudo o que existe – de partícula atômica para cima – apresenta organização
em diferentes graus de complexidade, analiticamente, podemos afirmar que tudo o
que existe existe na forma de totalidade complexa composta de partes, ainda que
essas partes sejam apenas energia e inteligência organizativa.
Se isso parecer-lhe
difícil de entender, olhe ao redor e constatará que não existe, isolado no
mundo, algo que corresponda ao conceito analítico de parte, tudo o que existe
existe na forma de totalidade. Portanto, a complexidade não se constrói pelo
ajuntamento de partes, mas pela inteligente articulação de totalidades bem constituídas.
O parafuso é uma totalidade dotada de propriedades próprias, necessárias.
Apenas quando incorporado ao carburador, é que, em relação a ele, pode ser
considerado parte. Em si, ele é um todo, apenas no carburador, é parte.
Fiquemos por aqui, destacando,
além das três conclusões, a lição de que o nosso universo apenas admite, em seu
seio, fenômenos e presenças configuradas na forma de totalidade.