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O que propomos

Rubi Rodrigues - 22/04/2022

O QUE PROPOMOS

A missão de orientar todo ser humano que decida libertar-se da caverna alegórica de Platão indica o propósito geral da Academia. A habilitação da Academia para tanto resulta do domínio formal do modo platônico de pensar, fato que possibilita a sua transmissão para estudantes e pesquisadores interessados. Inicialmente, pensamos em oferecer um processo de aprendizado plenamente formalizado, nos moldes de um curso universitário regular, contemplando os três programas complementares exigidos para realizar o propósito: programas centrados no ser, no pensar e no agir. Quando mergulhamos no detalhamento desses programas, esbarramos em nossos limites de competência, em questões didáticas, em questões de ensino a distância e na própria força de trabalho necessária para desenvolver e ajustar os conteúdos, visando a bem orientar e facilitar o aprendizado. Para construir o roteiro de estudos dos programas, destinados ao pensar, ao ser e ao agir, investimos três anos de trabalho e consideramos o resultado como versão inicial, nitidamente aperfeiçoável, embora avaliemos que todos os conteúdos necessários para instrumentalizar os alunos com domínio formal do ato de pensar estejam disponíveis.

A par disso, a oferta de um curso regular implica dispor de facilitadores e de monitores formados e em número suficiente para amparar os alunos. No entanto, a formação do nosso corpo docente mostra-se comprometida, uma vez que o conhecimento exigido para tal apenas se disponibiliza com o advento da Academia. Acrescentando-se a esse quadro as questões legais e financeiras de formalização de uma instituição de ensino no Brasil, restou-nos a alternativa de seguir o exemplo do mundo vegetal: plantar uma pequena mudinha e dar tempo para que a natureza faça o seu trabalho, e a planta cresça na medida do seu merecimento, da fertilidade da terra e dos nossos cuidados.

Em face dessas circunstâncias, a Academia inicia atividades disponibilizando, em formato “beta” de avaliação, um plano de estudos organizado em três fases, destinado a pesquisadores autodidatas que tenham energia própria e disciplina necessária para seguir a ordem estabelecida, proceder os registros devidos e alcançar as metas de entendimento recomendadas. Ao longo das atividades, o desempenho dos alunos será acompanhado, a fim de se identificar potencialidades de vínculos mais estreitos com o projeto da Academia. Nesse período “beta” de avaliação, não será exigido qualquer tipo de processo seletivo para adesão e registro, visando ao plano de estudos da primeira fase, mas a Academia reserva-se o direito de apenas habilitar para o estudo formal das demais fases aqueles pesquisadores que comprovem ter alcançado as metas de entendimento das etapas anteriores.

O ensino da Academia busca promover, com a saída da caverna simbólica, a formação de um ser humano estruturalmente harmonizado consigo mesmo e com a natureza circundante – um ser humano sereno no qual o ser, o pensar e o agir correspondam-se e garantam uma totalidade que, embora complexa, desfrute de bem-estar e configure-se em unidade perfeita, tal como uma esfera de superfície lisa.

Tratando-se de um processo de formação, a Academia, em lugar de diplomas, concede inicialmente medalhas de mérito, indicativas dos diferentes estágios de pesquisa e de aprendizado. No anteprojeto da Academia, detalha-se benefícios e potencialidades do tipo de identificação e das dinâmicas presenciais e de rede que poderão complementar o estudo. No mesmo documento, estão indicadas as potencialidades evolutivas mais evidentes da Academia, inclusive no plano internacional, de sorte que a associação à Academia seja consciente e não envolva surpresa.

Embora envolva a formação de um ser humano racionalmente adulto, no período inicial de avaliação, a Academia não estabelece tampouco a cobrança de taxa de matrícula ou de mensalidade, disponibiliza apenas uma modalidade de associado mantenedor, de sorte que pessoas e instituições identificadas com os propósitos do projeto possam contribuir, voluntariamente, para acelerar e aperfeiçoar o processo. Naturalmente, concluída a fase “beta” de avaliação, um projeto dotado de valor precisa, também, ser economicamente viável, e uma modalidade de licença ou de franquia comercial encontra-se no horizonte de possibilidades.

A Academia não concorre com os cursos regulares de Filosofia nem visa à erudição quanto aos esforços já realizados pela humanidade no campo da Filosofia. A Academia objetiva o domínio formal da racionalidade humana, com a finalidade de tornar metódico o ato de pensar, segundo uma teoria de conhecimento, implícita na teoria dos princípios de Platão. Enquanto os cursos regulares de filosofia contemplam todo o conhecimento filosófico já produzido, a Academia concentra-se naqueles conhecimentos que revelam a essência constitutiva do universo e as leis que regem a existência e a racionalidade. A Academia interessa-se pelas regras do jogo e não por alguma jogada em particular. Nessas condições, o pesquisador que se associar à Academia deverá estar consciente de que, além de realizar a sua pesquisa, usando os recursos disponíveis, será instado a comprometer-se com o aperfeiçoamento desses recursos e a participar do desenvolvimento de produtos potencializados pela perspectiva, virtualmente utilizáveis comercialmente, depois do período de avaliação inicial, respeitados, naturalmente, os direitos autorais. Dessa forma, estará estudando, investindo em sua carreira e, ao mesmo tempo, aperfeiçoando o caminho, para facilitar a vida dos futuros alunos, de sorte que, o mais breve possível, passemos à fase de universalização desse conhecimento e nos tornemos multidão fora da caverna. Será, portanto, aprendiz e, se assim desejar, simultaneamente, será também construtor do futuro. Um desafio que, certamente, pode não ser para todos. Por isso, não force o seu espírito, ele precisa sentir-se entusiasmado com o projeto.

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