TMC I - Módulo 13
Rubi Rodrigues - 07/06/2022
Teoria do Conhecimento I – módulo
13
No módulo 12, defendemos
a ideia de que a amplitude de duas dimensões do plano recepciona e contempla a
inteligência organizativa potencial de que o ser vale-se para o desenvolvimento
dos conteúdos objetivos das instâncias ontológicas superiores, facultando que,
no final do processo cumulativo, instale-se, na existência, novo ente ou fenômeno
configurado na forma de totalidade. Defendemos, também, que a própria natureza
lógica, geométrica e matemática da existência relativa fornece capital inicial
de inteligência, implícito na manifestação objetiva de movimento, forma e
quantidade. Concluímos, observando que a evolução organizativa exige a presença
de memória capaz de preservar as soluções organizativas conquistadas, de tal
sorte a viabilizar processo evolutivo necessariamente cumulativo. É impossível
pensar evolução organizativa na ausência de memória, pois isso implicaria
eterno recomeço.
Tal fato coloca-nos
diante da evidência virtualmente irrecusável de que, dada a evolução do
universo a partir do Big Bag, de algum modo, ele – o universo – guarda memória
das experiências e das soluções alcançadas e deve utilizá-las sempre que se
apresentar oportunidade. Essa memória constitui a inteligência organizativa potencial
do universo e, como tal, deve ter e basta-lhe ter compleição bidimensional. Essa
ideia de que o universo tenha memória soa estranha para a cultura ocidental,
não porque sejamos capazes de contestar a sua necessidade em processos
evolutivos, mas porque os nossos esquemas ocidentais de pensar não contemplam
existências invisíveis. Tanto não dá para recusar a memória do universo como
não dá para recusar a nossa própria memória pessoal, sem a qual sequer
conseguiríamos aprender. O que precisamos ter em mente e entender é que o fato de
o esquema espaço-tempo da ciência não comportar lugar para recepcionar a
memória não pode ser tomado como indicativo de que a memória inexista.
A própria ciência
constitui comprovação irrecusável da existência da memória, e o referencial que
aqui estamos examinando, ao destacar as amplitudes lógicas que edificam a
existência em ato, disponibiliza justamente um âmbito próprio e sob medida para
recepcioná-la, dentro de uma estrutura gerativa que exige tanto o ser como a
memória, na condição de elementos ou fatores indispensáveis para a inteligente
organização e produção de unidades complexas. Para recusar isso, teríamos de
recusar também a complexidade manifesta no universo.
O código genético, como
já tivemos oportunidade de destacar, constitui o exemplo mais claro e palpável da
inteligência organizativa potencial, e o seu papel, já comprovado pela ciência,
na constituição dos organismos biológicos, evidencia tanto a inteligência que
lhe é constituinte como o seu caráter normativo e potencial: é a memória da
experiência organizativa usada na construção dos organismos.
Tratando-se de estrutura
cumulativa, na segunda dimensão, temos presentes tanto o ser que emergiu na
primeira como a inteligência organizativa potencial que é própria da segunda,
de sorte que convém dar um nome a esse conjunto de ser munido de inteligência
potencial, e, para não inventar nada de novo, fiquemos com a designação de alma,
já consagrada no âmbito da religião, mas que, também, refere-se ao mesmo
universo, mesmo não adotando as mesmas premissas da ciência. A palavra “alma”
parece-nos designar adequadamente esse conteúdo cumulativo da segunda dimensão,
uma vez que é ele que vai animar – dar ânimo – à totalidade humana em
construção.
Na terceira dimensão, o
conteúdo objetivo é, no caso dos seres vivos, representado por um organismo
dotado de funcionalidades, dotado de cinco sentidos de percepção que lhe servem
de recursos perceptivos que possibilitam ao ser humano administrar, no âmbito
do espaço, as relações da sua materialidade – do seu organismo – com a
materialidade dos demais entes e fenômenos com os quais compartilha a
existência. Dado que a ciência já caracteriza a matéria e o espaço como
tridimensionais, não precisamos estender-nos mais na justificativa dos
conteúdos objetivos dessa instância. Tratando-se de um processo cumulativo, nessa
terceira instância, temos presentes um organismo material dotado de
funcionalidades, uma inteligência organizativa potencial que lhe disponibiliza
certo espaço de possibilidades evolutivas e um ser-energia que impregna o
conjunto de vitalidade.
Na quarta dimensão, desdobra-se
a amplitude adicional necessária para que a matéria se movimente, a fim de que
as funcionalidades do organismo realizem-se e funcionem, para que o potencial
da inteligência organizativa atualize-se e o próprio organismo cumpra a
ontogênese prevista no seu projeto. Na quarta dimensão, o advento do tempo
faculta uma história e o processo de evolução no sentido de crescente
complexidade. Se, até a terceira dimensão, o processo cumulativo estrutura um
organismo dotado de potencialidades funcionais, na quarta, com o advento do
tempo, essas funcionalidades adquirem dinamismo, e a vida passa a realizar-se
na forma de movimento existencial. A amplitude adicional da quarta dimensão
permite que o organismo passe a funcionar.