TMC I - Módulo 14
Rubi Rodrigues - 07/06/2022
Teoria do Conhecimento I – módulo
14
No módulo 13, concluímos
a descrição dos conteúdos objetivos que, segundo o modelo gerativo dimensional,
acumulam-se nos quatro primeiros estágios do modelo, visando à geração de uma
totalidade apta a existir em ato, em nosso universo. No exemplo humano adotado,
tais conteúdos contemplam quatro conteúdos que se distinguem um do outro pela
amplitude que cada um ocupa: um ser unidimensional, uma inteligência
organizativa potencial ou alma de duas dimensões, um corpo tridimensional
dotado de potencialidades funcionais e um tempo existencial de quatro
dimensões, no qual tais funcionalidades podem operar e o conjunto pode desenvolver
ontogênese e história existencial.
O caráter dimensional do
modelo permite separar os quatro conteúdos segundo a amplitude existencial de
cada um e, ao fazê-lo, identifica e destaca os principais conteúdos que se
somam na constituição dos entes e dos fenômenos existentes. Com isso, fica
facultado o estudo e a abordagem científica e metódica de cada conteúdo
destacado, uma vez que cada um possui uma amplitude existencial específica.
Dado que cada amplitude possui características próprias, resta conclusivo que
um modelo referencial que não realize essa separação misture coisas distintas
em um mesmo balaio e torne a compreensão muito mais difícil.
De outro modo, a base
dimensional do modelo geométrico implica destacar as amplitudes crescentes que
a complexidade demanda para a sua manifestação existencial, e, nesse sentido,
cada instância indica uma abertura maior para a diversidade organizativa e, no
limite, aponta para a profunda integração de tudo e a consequente indistinção e
diluição de tudo no tecido universal. Uma vez que a realidade que se apresenta
é de infinita diversidade de entes e fenômenos individualizados e
individualizáveis, resta necessário que às quatro instâncias dimensionais do
modelo acrescente-se uma instância de totalidade responsável por unificar cada existência
em uma unidade delimitada. Somente assim, instala-se a individualidade de cada
fenômeno, e a diversidade do mundo viabiliza-se.
Como já vimos, essa
totalidade resulta configurada por inteligência organizativa realizada em ato
que determina que o ente ou fenômeno seja o que é e não seja algo distinto do
que é. Usamos a figura da superfície da esfera para indicar metaforicamente
essa totalidade que, embora seja complexa e contenha partes, configura uma
unidade perfeita. Observe-se que essa totalidade não se situa no horizonte
dimensional do modelo. A instância dimensional que se segue à quarta dimensão
seria uma quinta dimensão, mas de tal amplitude não se conhece presentemente
qualquer conteúdo existente. Daí que a instância de totalidade transcende o
plano dimensional e situa-se para além dele, configurando a única forma que o
nosso universo admite como manifestação existencial: a forma de totalidade.
Permeia, portanto, entre
a quarta dimensão e a totalidade, um movimento transcendental, do mesmo modo
como ocorre um movimento transcendental entre o ilimitado adimensional e o ser
unidimensional. Com isso, verifica-se que o modelo geométrico dimensional que
adotamos para justificar a criação inicia-se e culmina em movimentos
transcendentais. Esse padrão de movimento, como ainda veremos, representa o
único padrão de movimento capaz de produzir unidades e conectar distintos planos
existenciais, gerando a ilusão de que algo passou a existir. Esse padrão de
movimento tipifica um padrão lógico específico que, atualmente, já se encontra
perfeitamente formalizado, e ao qual voltaremos oportunamente, mas, desde já, destacamos
que apenas um movimento transcendental pode justificar e explicar um processo
universal de complexificação que se realiza pela inteligente articulação de
totalidades, na construção de totalidades mais complexas. Não há outro modo de
fazer isso e de criar algo novo.
Voltando à instância de
totalidade do modelo, verifica-se que o conteúdo dessa instância possui
natureza distinta dos conteúdos acumulados até a quarta dimensão, uma vez que o
movimento transcendental possui a propriedade de instalar, na existência, uma
natureza distinta daquela a partir da qual o salto transcendental ocorre.
Protelando a comprovação dessa propriedade para um momento mais oportuno,
completemos a descrição dos conteúdos objetivos do modelo, defendendo a ideia
de que a instância de totalidade, no caso em estudo, comporta a consciência
humana. Isso significa entender que é a consciência humana, com suas
propriedades e potencialidades, que, realmente, caracterizam e tipificam o
humano – uma tese perfeitamente plausível e ajustada às nossas crenças mais
estáveis.