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TMC I - Módulo 17

Rubi Rodrigues - 07/06/2022

Teoria do Conhecimento I – módulo 17

No módulo 16, após identificarmos os conteúdos objetivos que se somam para a construção do ente humano, defendemos a ideia de que o modelo dimensional possui aplicação universal e serve para indicar, de forma privilegiada, a estrutura formativa de tudo o que existe, em razão de configurar processo gerador de totalidades que é a forma segundo a qual a existência é admitida em nosso universo. Em virtude dessa aplicação universal, designamos o modelo dimensional de algoritmo da criação.

Neste ponto, convém fazer um parêntese hermenêutico, lembrando que o homem, ao pensar, não reproduz a realidade, apenas interpreta-a, de sorte que o algoritmo da criação precisa ser tomado como um modelo interpretativo do processo que, na natureza, responde pela geração de cada nova existência, não constituindo mais do que um modelo explicativo simplificado, que visa a facultar compreensão geral do processo, o qual, certamente, é muito mais complexo do que o indicado no modelo. O algoritmo da criação é apenas isto: um modelo interpretativo da existência.

Examinando panoramicamente o percurso cumprido desde o módulo 1, situamo-nos dentro de um projeto de construção de uma teoria científica do conhecimento que esclareça o que seja sujeito e o que seja objeto, especifique a relação entre ambos e, ainda, instrumentalize a mente humana para a produção de conhecimentos correspondentes à realidade. Partindo do que se sabia com segurança sobre a mente e sobre a natureza, fomos examinando os nexos lógicos e as relações inteligentes configuradoras de organização crescentemente complexa a partir de perspectiva metafísica e terminamos especificando um modelo criativo de tudo o que existe, o qual designamos de algoritmo da criação, em razão de esse modelo pretender indicar como toda a existência estabelece-se objetivamente.

Isso significa que, embora tenhamos apresentado as justificativas que amparam e suportam o modelo e tenhamos verificado que ele se adequa bem para contemplar o fenômeno humano, a sua aplicação universal constitui, até aqui, apenas uma hipótese a ser virtualmente confirmada ou não. Tratando-se, porém, de um modelo que pretende especificar a estrutura ontológica que de fato suporta a existência, o algoritmo da criação emerge como hipótese que desafia tanto o até aqui estabelecido em teoria do conhecimento como o estabelecido em física e na ciência em geral.

Em termos de teoria do conhecimento, o algoritmo da criação resolve uma parte da dicotomia sujeito-objeto, ao especificar a composição essencial do objeto de conhecimento. Com isso, a teoria do conhecimento em construção cumpre uma das suas obrigações inescapáveis para ser classificada como teoria científica, que é esclarecer e apresentar a sua concepção de objeto. O algoritmo da criação especifica o objeto, valendo-se de um modelo que tem a pretensão de ser universal. Não poderia ser diferente, dado que o objeto de conhecimento, em última instância, é o universo dentro do qual existimos.

Em termos de física, o algoritmo da criação, ao mapear o âmbito da existência, propõe uma nova concepção de localidade e desafia, diretamente, o contínuo espaço-tempo adotado pela ciência do século XX. Esse desafio coloca frente a frente um modelo dimensional de natureza, detidamente justificado, e um modelo espaço-temporal reconhecidamente arbitrário. Apesar disso, a concepção metafísica que justifica o modelo dimensional é vista com desconfiança por parcela importante da comunidade científica e o modelo espaço-temporal, apesar de arbitrário, patrocinou importantes conquistas tecnológicas nos últimos cem anos. Dessa forma, o exame desse confronto prenuncia-se eletrizante.

Abrem-se, assim, dois caminhos de pesquisa promissores. No sentido da física e do conceito de localidade, por um lado, talvez, consiga-se demonstrar que o modelo dimensional, efetivamente, possui aplicação universal e, nesse caso, o algoritmo da criação inscreve-se como virtual solução para a chamada teoria de tudo ou do campo unificado. No sentido de teoria do conhecimento, por outro lado, impõe-se concluir a apresentação da teoria, o que implica especificar o sujeito e esclarecer como ocorre a relação entre o sujeito e o objeto, de sorte a tornar metódico o ato de pensar.

Naturalmente, em vista do propósito deste projeto, vamos avançar com a especificação da teoria do conhecimento, ficando justificada a pendência quanto à aplicação geral do modelo, particularmente, no campo da física.

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