TMC I - Módulo 26
Rubi Rodrigues - 07/06/2022
Teoria do Conhecimento I – módulo
26
No módulo 25, concluímos
a apresentação e a justificação da Teoria do Conhecimento que decorre logicamente
da perspectiva metafísica defendida inicialmente, no Ocidente, por Pitágoras e
por Platão. Esta, como qualquer teoria científica, apenas ganhará relevância na
medida dos resultados práticos que proporcionar. Em se tratando de uma teoria
do conhecimento, esse resultado revelar-se-á na forma de entendimento mais
claro e mais convincente das questões e dos problemas aos quais a teoria for
aplicada. Parece conveniente realizar alguns exercícios de análise e de
interpretação, visando a evidenciar o poder esclarecedor do modelo. Antes,
porém, façamos uma tentativa de resumir as principais características da teoria,
na intenção de facultar visão de conjunto da concepção e esclarecer os
pressupostos que estarão sendo adotados, toda vez que se utilize, como
referência, o modelo dimensional.
A Teoria Metafísica do
Conhecimento que defendemos conjuga as seguintes características:
1.
Entende que o universo é organizado dentro de
espaço de possibilidades delimitado pela articulação de movimento, forma e
quantidade, isto é, dos objetos contemplados pela Lógica, pela Geometria e pela
Matemática, razão pela qual ele pode ser racionalmente interpretado e uma TC
pode ser formulada. Caso o universo fosse caótico, a racionalidade e o
entendimento seriam impossíveis.
2.
Entende que o universo é evolutivo, no sentido
de edificar-se da maior simplicidade possível, constituída por singularidade
indivisível, até a maior complexidade manifesta,
representada pelo próprio universo tomado como um todo.
3.
Entende que o universo constitui existência
relativa e determinada que surgiu a partir de existência absoluta e
indeterminada, ontologicamente necessária.
4.
Define como ser a energia unitária que inaugura
a existência relativa e põe em movimento o processo criativo.
5.
Entende que a existência, em um universo
relativo, somente pode dar-se na forma limitada de totalidade unitária, condição
indispensável para a ocorrência de diversidade fenomênica.
6.
Entende que a natureza se vale de uma estrutura gerativa
que produz existência manifesta em ato, na forma de totalidade. Essa estrutura
gerativa configura a regra única segundo a qual a existência em ato pode dar-se
no universo.
6.1. Essa
estrutura gerativa corresponde à própria natureza da existência relativa, posta
em ação pelo advento do ser-energia.
6.2. Essa
estrutura gerativa única representa o índice que viabiliza a ordem cósmica e,
nesse sentido, pode ser designada, em linguagem moderna, por algoritmo da criação, o qual admite
expressão matemática quantitativa e expressão geométrica de feição dimensional,
ambas de configuração racional e científica.
6.3. A
complexidade constitui-se como totalidade que resulta da inteligente
articulação de outras totalidades bem constituídas, de menor complexidade
organizativa, mediante movimento de padrão transcendental. Esse padrão de
movimento sempre institui natureza de complexidade superior, invariavelmente
unitária.
7.
Entende que a dicotomia sujeito-objeto adotada
tradicionalmente na busca de uma teoria do conhecimento é adequada, desde que
se defina precisa e antecipadamente o que seja sujeito e o que seja objeto. Daí
todo o esforço que realizamos para definir e esclarecer a visão de mundo que
deve embasar todo o esforço de interpretação.
8.
Entende que o algoritmo da criação, ao
representar o índice comum do universo, harmoniza liminarmente sujeito e objeto
e viabiliza a relação entre eles, em virtude de ensejar que consciência e
objeto comunguem a mesma estrutura ontológica essencial.
9.
Entende que a mente humana está
instrumentalizada para realizar cinco padrões de pensamento, cada um regido por
padrão lógico próprio, especializado na percepção de um padrão específico de
movimento existencial. Dado que os padrões de movimento existencial decorrem da
amplitude dimensional que demandam, resulta contingente que os padrões de
pensamento sejam também dimensionais: o padrão de movimento inferencial
corresponde sempre ao padrão de movimento existencial, daí a possibilidade de
sintonia e de percepção.
10. Entende
que o objeto é configurado por inteligência organizativa realizada em ato e que
o entendimento resulta da edificação, no âmbito da consciência, de inteligência
interpretativa que lhe seja correspondente.
O propósito da Teoria
Metafísica do Conhecimento consiste em instrumentalizar a mente humana com
referencial cognitivo que vislumbre a totalidade, torne metódico o ato de
pensar, produza interpretações confiáveis que correspondam à realidade e possam
balizar, de modo adequado, a ação humana no âmbito da vida. Espera-se que a
teoria permita harmonizar ser, pensar e agir e que essa correspondência gere
seres humanos lúcidos, sensatos, em paz consigo mesmo e harmonizados com a natureza
e o universo.