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Discussão com Pedro Demo sobre a minuta do artigo Metafísica com status científico

Pedro Demo e Rubi Rodrigues - 24/01/2013

Contribuições/perguntas de Pedro Demo sobre o artigo Metafísica com status científico – Análise.

 

P2 -Resumo ... estranhei apenas que  Descartes tenha comparecido. R2 – Descartes com seu sistema de ordenadas capturou o âmbito do espaço em um modelo referencial simples e nos concedeu acesso metódico a ele. O espaço tridimensional é o local da matéria que é o objeto da ciência contemporânea. Penso que estamos em plena Civilização Cartesiana porque seu universo não ultrapassa o âmbito do espaço, daí sua importância na aventura humana do conhecimento. Descartes ao propor o sistema de ordenadas visava formalizar a amplitude métrica do espaço e o logos ao contemplar a terceira dimensão visa formalizar a amplitude lógica subjacente. O mote é, portanto, dele. Correção: a tridimensionalidade da matéria já estava em Platão República.

 

P3 - Existência tem “axiomas? R3 – Como fazer ciência –falar sobre o que existe- sem definir o que seja existir?

a)      postula que “forma” é modo de existência... R3a – Postula-se que existir é movimento e que a forma (a geometria dimensional) determina/delimita padrões de movimento, e que cada um deles corresponde onticamente a modos de existir.

b)      Homem como paradigma científico. R3b – Instrumentalizar o homem COM um paradigma científico não implica necessariamente tornar o homem medida de todas as coisas, ao contrário, em lugar da experiência pessoal, o paradigma assume o papel de referencial.

c)      só vemos o que podemos ver – ou seja, só entendemos a realidade a partir de nossa observação limitada. R3c – De pleno acordo, daí porque convém desenvolver ferramentas capazes de ampliar nossa visão natural, entre elas, microscópios ou modelos referenciais.

d)      validade universal ... – formas talvez tenham, não, porém, a existência. R3d – Validade universal tem para mim sentido gnosiológico. Objetivamente tudo o que manifesta-se onticamente no universo, existe, enquanto perdurar essa manifestação. Outra: convivem na existência, coisas absolutas e coisas relativas.

 

P4 - O ser humano não tem condição de desvendar “os princípios de todas as coisas”..., ciência progride pela dúvida, pesquisa, desconstrução e reconstrução. R4 – A consolidação da teoria do big bang demonstra que o nosso universo teve um início. Certamente esse foi o começo comum de todas as coisas. Einstein ainda pensava que o universo era eterno. Exatamente porque a ciência é processo em evolução entendo problemático estabelecer-lhe limites, embora eu também perceba que a ciência, tal como atualmente concebida, não tem como horizonte de possibilidades encontrar o princípio das coisas.

 

P5 - Como “busca”, sim; não como apropriação – ciência não produz “verdades”. R5 – De acordo, não uso a palavra verdade em sentido absoluto. Refiro-me à conclusão sustentável vigente.

 

P6 - se aproximado de modo consistente da verdade... R6 – OK a expressão “encontrado explicações mais consistentes” afigura-se uma alternativa melhor.

 

P7 – sintonia e compatibilidade entre ciência e Filosofia seria linearização rasa... R7 – Sintonia e compatibilidade não significa redução da Filosofia à ciência. Estamos tratando de filosofia primeira que tem como escopo fornecer uma cosmovisão que seja útil e orientadora para as ciências e como tal somente pode contradizer o que se tem cientificamente como certo quando possuir justificativas sustentáveis e disponibilizar solução melhor. A demanda cientifica atual por contribuições da Metafísica não visa eliminar a ciência, mas fazê-la progredir. Tendo todo o universo que nos envolve a mesma origem, não podemos transferir para ele a separação em disciplinas que adotamos em nossas escolas. Almejamos discursos relativos às partes do universo que não contradigam os discursos relativos à totalidade universal. A Filosofia deve tratar do todo e as ciências das partes e o uso de uma linguagem comum, imagino, deve facilitar as coisas.

 

P8 - Deve “incomodar”, desconstruir, não “harmonizar”. R8 – Com harmonizar não pretendi indicar concordância, mas coerência tal como indicado na resposta anterior.

 

P9 - todo fundamento não “tem fundo último” – se tivesse a discussão morreria aí... R9 – É verdade até porque todo conhecimento não passa de interpretação. A busca dos fundamentos perceptíveis procura justamente viabilizar interpretações cada vez mais adequadas e confiáveis.

 

P10 - Seria tão mais interessante se não tivesse solução tão linear... R10 – Essa linearidade se inscreve no propósito de estabelecer sintonia entre Filosofia e ciência.

 

P11 –   a) 2/3 da humanidade não sabem o que é “logos”, nem lhes faz falta... R11a – Aqui nos aproximamos do paradigma que instrumentaliza nosso olhar. A humanidade realmente não tem consciência do paradigma que preside suas opiniões. Obedece ao paradigma civilizatório vigente sem se dar conta disso e por isso é facilmente manipulada. Quando procuramos especificar e compreender o logos, buscamos nos dar conta dos pressupostos que presidem nossos próprios pensamentos. Procuramos entender como funciona o “sistema operacional” de nossa mente e virtualmente mudá-lo caso ele esteja nos prejudicando, por exemplo, nos tornando dóceis quando deveríamos nos indignar. A humanidade somente será evoluída quando tiver consciência dos pressupostos que moldam suas interpretações. Sem isso o homem não passa de autômato.

      

       b) É o mal de pensar que nosso modo de observar é definitivo ou que, do ponto de vista do observador, se observe tudo... R11b – Não há ponto de vista além daquele do observador. É verdade, o ponto de vista do homem é precário, mas é o que temos. Não podemos, porém, desconhecer que o ponto de vista no vale possui menos horizonte e amplitude do que o ponto de vista no alto da montanha. O logos tenta disponibilizar um ponto de vista do qual se vislumbre tanto a Filosofia como as ciências. Dito de outro modo, podemos considerar que existe um ponto de vista ôntico, um ponto de vista estrutural, um ponto de vista sistêmico, um ponto de vista dialético e um ponto de vista totalizante. O logos procura integrar e tornar metódico o uso dos pontos de vista lógicos alternativos facultados ao homem.

 

P12, 13, 14, 15 e 16 – Referem-se ao verbete sobre Metafísica transcrito do Dicionário de filosofia de Mora (português) e não constituem opiniões minhas.

 

P17 - Metafísica é a ciência do ser que constitui o fundamento do ente e explica o seu advento - Duro de engolir – a ciência tradicional até hoje não deu conta disso...R17 – É justamente porque a ciência não tem escopo para dar conta da causa primeira que a Metafísica está sendo requerida para fornecer um alicerce que seja ao menos logicamente aceitável.

 

P18 - O ser contempla...  uma unidade indivisível e irredutível - quem poderia garantir um petardo desses? R18 – O ser indivisível e irredutível decorre da radicalidade da abordagem metafísica que em última instância viu-se diante da necessidade de optar entre um ser absoluto e um nada absoluto como princípio primeiro. Problema ontológico resolvido por Santo Anselmo na Idade Média – ver discussão detalhada no Cap. 5 do Projeto postado no site das Segundas Filosóficas. As objeções remanescentes são resolvidas com a caracterização da Metafísica como conhecimento de padrão noético, proposta no trabalho ora em pauta.

 

P19 - O ser como unidade indivisível e irredutível - Como se comprovaria cientificamente isso? R19 – Admitido o conceito metafísico de ser, o modelo do logos, que é uma estrutura de pura forma, permite demonstrar geometricamente o caráter unitário e indivisível do ser ao situá-lo na primeira dimensão. O ser absoluto é adimensional. O ser relativo é um adimensional em movimento, desenhando o que em geometria se chama reta ideal. A reta ideal somente admite um. Para admitir dois requer-se amplitude lógica bidimensional - só presente no plano.

 

P20 - mente que se contempla a si mesma - Diria: “ensimesmada” eurocentricamente. R20 – O ato da consciência voltar-se para si mesma, constitui um modo inferencial logicamente amparado, facultado a qualquer mente humana normal. Introspecção não pode ser tomada como ato político, embora inibi-la subliminarmente constitua certamente ato político.

 

P21 – É iniludível -  “Iniludível”, não... R21. Tem razão. Trocarei por “Precisamos” reconhecer.

 

P22/23 - totalidade da consciência – assimilável à ideia de superfície esférica, porquanto essa é a forma geométrica restituidora da unidade – Conceito inaproveitável – ninguém sabe o que é isso/ Entendo a metáfora (esfera é perfeita) – mas não existe na realidade... R22/23 – O uso da esfera como metáfora da totalidade deve-se não ao fato de ser perfeita, mas ao fato de, geometricamente depois do ponto se transformar em reta, a reta em figuras do plano, estas em poliedros, ter como limite máximo o poliedro de infinitas faces designado por esfera. Isto é, depois da unidade original – o ponto – se estender, dividir, desdobrar, experimentar formas de múltiplas faces, chega ao seu limite e recria uma só forma: esférica. Usamos não a esfera mas a SUPERFÍCIE da esfera para indicar a totalidade dentro da qual estão as partes constitutivas. Estivesse disponível um conceito perfeito, não usaríamos uma metáfora. Ver artigo sobre a questão em http://segundasfilosoficas.org/inteligencia-organizativa-uma-discussao-entre-a-parte-e-o-todo/

 

P24 - conhecimento relativo a essa instância ou plano superior - A metafísica não é “superior”... poderia colaborar, não colonizar... R24 – Realmente, considero que a Metafísica seja apenas um conhecimento igual entre seus pares. A expressão usada procura ressaltar que ela visa um conhecimento situado em uma instância de considerações que antecede àquela relativa às ciências do mundo realizado. Trata-se de um esforço de distinguir da forma mais clara possível o plano das universalidades que são objetos da segunda navegação. Estas são superiores no sentido de que lhes cabe fornecer premissas para as ciências regionais. Nesse sentido seriam sim colonizantes, caso atuassem subliminarmente e não fossem explicitadas e justificadas.

 

P25 - Observe-se que a Ontologia assim caracterizada – como pensamento olímpico e eidético– deve ser capaz de esclarecer as condições segundo as quais toda a existência relativa, ou seja, este universo que nos envolve ou qualquer outro, pode-se dar, pode passar a existir e pode constituir-se e desenvolver-se. - Megalomania típica do logos eurocêntrico – um olho que vê tudo...R25 – Confesso que também fiquei rubro ao escrever isso. Mas é isso que o modelo de filosofia primeira descrito enseja. Pode-se recusar o modelo, mas não as conclusões implícitas. Apesar disso, não advoga “ver tudo”, mas apenas a estrutura formal do campo existencial comum a todos os entes, o que já não é pouco.

 

P26 - Como o projeto científico eurocêntrico está capengando em seu coração da física, matemática e biologia, não vejo qual seria a vantagem de tornar científica a metafísica – não seria mais iluminado manter-se fora dessa decadência? R26 – Observação oportuna. Na verdade a tese não se associa à ciência decadente. Preserva alguns valores científicos da tradição, mas propõe uma mudança radical na demarcação do que seja científico. Discursamos para a ciência, partimos da ciência, respeitamos os cientistas, mas propomos um paradigma que a transforma de modo mais radical do que o fez o advento da relatividade e da física quântica, juntos.

 

P27 - – o método científico é “lógico-experimental”, não só lógico, nem só experimental (combina evidência empírica com formalização) – nisto creio que filosofia dificilmente se encaixa, a não ser como filósofo rebelde... R27 – Concordo que a ciência vai espernear, mas em face dos resultados potencializado espera-se que saia mais barato mudar e ajustar o seu método em particular no quesito experimentação. Não há razão para defender que a evidência experimental seja mais segura que a evidência lógica. Segundo o Jônatas que anda estudando a questão, o próprio método dedutivo tem fundamentos precários e a ciência vive disso.

 

P28 - visão de mundo compatível com o modo científico de proceder - É uma pena: seria mais proveitoso se revelasse incompatibilidades da ciência...  R28 – Refiro-me a ser compatível com uma ciência redefinida segundo o novo paradigma, não com a ciência atual. A ciência atual verá seu paradigma ser superado sem abandono de alguns valores, tal como o uso de um método.

 

P29 - Muito boa “definição” de ciência... R29 – Perceba-se que continua sendo útil distinguir ciência de opinião. Não se pode defender um paradigma que dispense a racionalidade e a lógica. Veja-se porém, que não se fala nem em matéria nem em testes de bancada (embora em alguns casos isso persista) e nem mesmo se defende que seja possível reduzir o mundo à racionalidade.

 

P30 - Introspecção pode ser um defeito da filosofia científica... como aplicar controles científicos do método? R30 – O logos separa as coisas em instâncias dimensionais esclarecendo não só o conteúdo privativo de cada uma, como também definindo o padrão lógico que precisa ser usado para acessá-los. Com isso os âmbitos não materiais, isto é não de três dimensões, ficam bem ordenados e especificados. Nessas condições o exame mental das instâncias ontológica dos fenômenos fica perfeitamente balizado com ordenadas claras e ninguém vai, por exemplo, tentar projetar um motor dialético. Ficam eliminados os sofismas mais comuns resultantes de uso de uma lógica dada, em um caso ao qual ela não se aplica.

 

P31 – Logos geométrico - Visão linear – a complexidade é produtiva porque é ambígua, difusa, embaralhada; o método científico lineariza, mas também a deturpa..R31 – A geometria invocada é dimensional e não euclidiana. A complexidade do mundo não é desconsiderada, é inclusive ampliada e quantificada. Na 4ª dimensão, por exemplo, que é a dimensão do tempo onde as relações entre os fenômenos são de padrão dialético, existe em tese um número infinito à terceira potência de alternativas de realização ou de consequências dialéticas. O que o logos vai impedir é que se pense o devir dos fenômenos, de modo sistêmico, estrutural ou transcendental, isto é, com uma lógica imprópria. O logos não pretende dizer qual será a resultante exata de um encontro dialético qualquer, pois a exatidão não é uma aptidão da dialética. Somente podem ser exatas relações entre matérias na terceira dimensão. Apesar disso o modelo do logos, como qualquer outro, implica simplificação e redução, afinal é ferramenta interpretativa e não reprodução subjetiva do objeto. Modelo pretende ser artifício mental útil ao entendimento, nada mais.

 

 

P32 –  O modelo do logos normativo contempla a simplicidade própria dos princípios.

a) modelo não trabalha a realidade, mas traços seletivos – R32a – Perfeito!

            b) logos (pretensão de validade universal - R32b – OK

c) simplicidade - a realidade é, ao final, simples ontologicamente – R32c – O modelo precisa ser simples ainda que vislumbre uma realidade complexa. A racionalidade humana se vale de um monoprocessador, o que fazer?

d) princípios - axiomas que não precisam ser demonstrados. R32d – Exatamente como qualquer outro conhecimento humano.

e) cheira á “everything theory” R32e – É isso mesmo. A existência é, metafisicamente, a questão mais fundamental. Caso as condições existenciais sejam esclarecidas estamos diante de uma teoria aplicável a tudo.

 

P33 - o lugar geométrico do ser absoluto - Não cabe esta “coisa” em ciência... Por vivermos num mundo relativo, “deduz-se” que exista algo absoluto – mas não sabemos o que é isso... R33 – De fato não cabe nas ciências, por isso essa “coisa” é tratada na Metafísica. O que o logos oferece à ciência é uma ontologia dimensional do ente que deita raízes em um absoluto que não se sabe o que é e ao qual só atrevemos referir-nos usando metáforas. É o mesmo caso da vida que também não sabemos o que seja, o que não nos impede de ter ciências da vida.

Uma questão esclarecedora aqui é meditar se em nosso mundo convivem absolutos e relativos ou se apenas existem um ou outro.

 

P34 - 6 categorias – entendo que seja apenas um artifício mental de classificação, organização... Não vejo como isso “fundamente” a realidade... R34 – OK Com a mesma pretensão que move todas as taxionomias desenvolvidas pelo homem: facultar um acesso ordenado à realidade. Se vai ou não corresponder e ser aceita como expressão da realidade, somente o tempo dirá em razão da luz que lançar sobre a natureza e as coisas. Ver no Cap. 6 do Projeto postado no site, análise que mostra os itens que o físico M. Kaku estabelece como requisitos que uma teoria de tudo precisa atender para candidatar-se a tal. O logos, segundo entendemos, atende aos 18 itens arrolados.

 

 

P35 - cinco instâncias dimensionais que vão da unidimensionalidade à totalidade fenomênica. - Acho uma “filosofada” sem tamanho!  R35 – A abrangência decorre do fato do logos constituir uma estrutura que se replica ao infinito, tal como o pentagrama ou os fractais. Um quantum de energia é um logos, bem como o universo e todos os fenômenos intermediários. Essa é uma propriedade notável da estrutura que nos faz pensar que o modelo seja único e inescapável, por incrível que isso pareça e ainda que seja mero modelo.

 

P36 - Que tal esquecer o logos? 2/3 da humanidade não sabe o que é isso e não faz falta..R36 – O logos é apenas um modelo interpretativo que possibilita uma cosmovisão organizada. Hoje usamos, sem nos dar conta disso, um modelo (cartesiano) que limita o universo ao âmbito do espaço. Por isso somos imanentes e materialistas. O logos amplia esse âmbito distinguindo cinco instâncias distintas, uma delas, a do espaço. Que tal tornar os homens conscientes disso, esclarecer as implicações, que não são poucas em cada caso e deixá-los escolher?

 

P37 - Quando, porém, o ser transcende e se manifesta na primeira dimensão - Como fundamentar cientificamente esta ideia?  R37 – Uma das questões científicas pendentes é explicar como a evolução se processa, dado que quando apreendemos alguma coisa já estamos velhos, não temos mais filhos e ainda que nosso DNA aprenda e se modifique, ele se perde com a morte. Ervin Lazlo propõe a existência de um Campo Akáshico planetário e universal que guardaria registro holográfico das ocorrências na matéria. Um tipo de memória cósmica. Essa ideia está sendo considerada seriamente pelos físicos. Estes já perceberam que o vácuo cósmico é uma fonte inesgotável de energia, - um conceito muito próximo ao conceito de absoluto necessário da metafísica. Nas anotações disponíveis em http://segundasfilosoficas.org/notas-sobre-inteligencia-organizativa/ abordo essa questão e indico fontes. Concordo, porém, que é pepino dos grandes. Ver também http://www.youtube.com/watch?v=XHC9KVfVGPI  que indica a posição dos físicos a respeito.

 

 

P38 - o modelo do logos normativo molda o ente, - uma enteléquia inventada por quem? R38 – Não sei exatamente o que você quer dizer com enteléquia, mas a ideia de que o ente é construído por limitação do ser, segundo Reale, pertence a Pitágoras com seus dois princípios primeiros: o ilimitado e o limitante. O logos corresponde ao limitante de Pitágoras com alguns detalhes a mais. Estamos aqui no coração da Metafísica.

 

P39 - Mas aí manifesta-se, novamente, a surpreendente genialidade da inteligência organizativa que alhures já havia inventado a vida: surge a consciência capaz de entender e operar essa inteligência organizativa natural e intervir, de forma consciente e inteligente, na sua compleição - Acha mesmo? Até hoje,  ninguém sabe bem o que é “vida”...R39 – O logos apenas vai empurrar o desconhecido para mais além e não eliminá-lo. As nossas perplexidades apenas serão outras. Ver as notas sobre inteligência organizativa indicadas em R37.

 

P40 - a requisição de Descartes de um discurso more geométrico para balizar a discussão acadêmica fica plenamente atendida. - Não sei por que atender a isso? Não seria melhor abandonar? R40 – A requisição de Descartes visava abolir a intervenção de dogmas na discussão acadêmica da época e conferir aos discursos aquela segurança que o geômetra desfrutava no seu labor. Creio que continua válido exigir racionalidade e justificativas sustentáveis e virtualmente verificáveis ou refutáveis, na construção do conhecimento.

 

P41 - Não vejo vantagem em “cientificizar” a filosofia – deveria manter sua vocação socrática de crítica autocrítica de teor epistemológico – desconstruir o conhecimento científico e reconstruí-lo com outro olhar. O que mais aproveito da filosofia é a “crítica da ciência”, algo que não vi no texto. Antes, percebi certa submissão ao paradigma em queda da atual ciência positivista. R41 – Não creio que o modelo do logos comprometa a vocação crítica da Filosofia. Penso que esse caráter crítico não pode ser atingido por um produto da Filosofia. O verbete de Mora deixa porém, claro que era necessário acender a luz na região e organizar as coisas. Quanto ao texto não fazer crítica à ciência, tens, em parte, razão. Na verdade o texto namora os cientistas porque entende que somente eles são capazes hoje de adotar um novo paradigma científico e não tenho dúvidas que o farão caso esse paradigma resolva as perplexidades que hoje os atormenta. Mas o modelo do logos não é nada amistoso ao paradigma científico hoje vigente, tanto que pretende substituí-lo e com esse propósito vai gerar as reações habituais. (ver história dos paradigmas científicos no livro Big Bang de Simon Singh). De certa forma uso as tuas recomendações redacionais inscritas no artigo " http://pedrodemo.blogspot.com.br/2011/04/forcas-e-fraquezas-do-positivismo.html que você indicou e cuja carapaça me serviu, particularmente por ser muito caustico e ácido em muitos escritos. Tens razão, mesmo ironia, por mais sutil que seja, não ajuda na comunicação. O que o logos pretende em última instância, é justamente, como você diz, reconstruir a ciência com outro olhar.

 

24/01/2013

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